19.2.11

Manifesto

A Literatura, em tese, é campo de extrapolar limites. De fundir real e fantasia.
Também em tese, o espaço literário está aí para você, como escritor, plantar o que bem entender. A colheita é feita pelo leitor.
Mas isso é mesmo possível?
O campo artístico em geral sofre com o preconceito por parte de quem é de fora.
Se um homem compõe uma música sobre outro homem, já é “gay”.
Mesma coisa um escritor.
Texto com narrador feminino escrito por um homem?
“Aí tem coisa, viu.”
Isso tudo é de uma besteira tremenda.
O próprio fato de ficar questionando a sexualidade das pessoas e o que fazem.
Mas tenho fé num futuro melhor, pois é essa uma das grandes contribuições da Literatura: trazer dúvidas e colocar na cabeça de cada um.
E dessas incógnitas, talvez surja algo de bom.
E com certeza, muita coisa já está mudando.

6 comentários:

Aninha Kita disse...

Opa! Adorei!
Esse manifesto levantou algo que sempre me incomoda, a ideia de que o escritor se entrega em seus narradores (ou até personagens). Diversos leitores (daqueles por acaso aos mais esclarecidos) julgam a sexualidade, o estado de humor, a fase da vida, a personalidade, e por aí vai, do escritor através do seu eu-lírico, da sua temática ou do desfecho do seu texto. Acho absurdo!
O autor muitas vezes se revela, claro! Muitas vezes expõe seus sentimentos, sem dúvida! Mas, tem todo o direito, espaço e capacidade para criar algo completamente diferente da sua realidade, muitas vezes o oposto!

Acho que me empolguei... hehe

Beijos, beijos!
Ana

Anônimo disse...

Só tem dúvidas quem pensa.
A confusão entre autor textual e autor empírico parece ser uma questão bastante complexa, muito difícil de ultrapassar pelo leitor comum.
Ao autor compete criar. A recepção é outra etapa do processo de comunicação.

M.B.

ítalo puccini disse...

sim, muita coisa já está mudando. mas infelizmente ainda nos deparamos com amebas que pensam em questões de sexualidade dessa forma. ou que se ofendem com o texto, quando na verdade ele, texto, está ali para dialogar com o leitor.

abraços.

Marcantonio disse...

É isso aí. Imagine o Chico Buarque sofrendo esse tipo de preconceito idiota!

A expressão "extrapolar limites" vem ao encontro do que penso. Eu me imagino propondo algum excesso ou aparente distorção como ponto de partida para um processo dialético que se desdobra pela leitura do outro, o qual proporá ou não uma antítese. De que nos adianta falar do convencional ou de alguma forma conformista de bem-pensar, não é?

Um abraço.

Lêda Maria disse...

Lindo aquilo alí? lindo é isso aqui...vc,enfim...

^^

Anônimo disse...

Percebe o que teu manifesto tem um pouco haver com o que escrevi esta semana e você comentou lá no InterTextual (sobre a Poesia)? Pensamos igual: não se deve impor limites a Criação.

Estou gostando de acompanhar teus ensaios e mais ainda de receber tuas apreciações as minhas garatujas.

Obrigado pelas visitas.

Um abraço bem apertado.