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14.10.12

Vittoria

Vittoria era italiana mas morava na Inglaterra em função do trabalho. Pintava quadros de si e para si - mas lucrava uns bons trocados com isso. Era uma Frida Kahlo notavelmente mais bonita, mas não perfeita. Seu charme era o encanto, a maneira de pedir carinho e aproximação, eo repentino esfriamento de emoções, a maneira tão sedutora de dizer "eu nunca lhe quis". Com Vittoria não se jogava, pois você sempre perderia feio. Muitos tentaram e todos saíram destronados. Magnatas do ramo energético, playboys com estilo filantrópico, pintores e até mesmo pobres escritores sucumbiram, restando apenas fugir do fogo anglo-italiano. Que nada mais era que mera sobrevivência.

10.9.11

Bernadette

Bernadette era alemã mas morava há muito no México. Talvez por transitar entre dois mundos diferentes foi a melhor.
Em uma viagem para Monterrey ela sentou ao meu lado.
Conhecia mais do mundo do que eu um dia poderia conhecer, enquanto se mostrava tão frágil perto de mim.
Puro jogo. Me liguei na hora mas decidi entrar. Poderia me perder naqueles olhos que intimidavam e excitavam e de fato o fiz. Me senti um garotinho de 17 anos, totalmente inseguro frente àquela mulher. Entre um flerte e outro, me livrei das barreiras por mim criadas e convidei-a para sair.
O primeiro beijo soa agora como uma lembrança da juventude.
Foi ela quem tomou a atitude para o sexo.
Ela me tirava o ar, me deixava parecendo um garoto imaturo cheio de tesãotesáoeumpoucodeamor e todos os clichês possíveis.

Entre uma transa e outra, ela me contou que era

casada.

Ernesto era o nome do cabrón, mas ela não andava muito contente.
“não muito”

Com um sinal de alerta mental, eu resolvi continuar.Talvez eu tenha amado-a, quem sabe.
Um dia, entre os lençóis, eu a abracei e disse:
“Bernadette, you are my liberty”
Mas ela não entendia inglês.

Um dia ia saindo de minha casa quando um homem surgiu do nada e me deu um jab (sim, coisa de boxeador) e disse:
“deja a mi esposa o mueres, cabrón!”
Não tive escolha que não ir embora.

Tempos depois eu soube que eles estavam muito bem, obrigado, e ela inclusive esperava um filho.
Talvez eu fosse o tempero especial daquilo tudo.
Não, eu com certeza era.
“Ich heisse super fantastich”

9.9.11

Celia

Celia era moça simples. Me conheceu e se apaixonou, e por mim se devotou.
Eu gostava o suficiente dela para me importar, mas não o suficiente para amar.

Eram agradáveis os passeis e as caminhadas inocentes ao seu lado.
O problema é que ela amava mais a mim do que a si.

8.9.11

Inéz

Esse conto faz parte de uma série de três textos que remetem a uma viagem fictícia de um alguém mais fictício ainda. Foram textos que saíram de um impulso e não me dei ao trabalho de revisá-los e triar coisas desnecessárias ou acrescentar coisas que poderiam ser importantes. Essas personagens apenas surgiram de uma hora para outra na minha cabeça e pediram para sair. Longe de soar como desculpa, é apenas um aviso.

Inéz foi a primeira mulher que conheci assim que cheguei na Cidade do México.
Altamente sedutora.
Se interessava por homens e mulheres, não fazia distinção.
Não comemorava o dia dos mortos e adorava quebrar aqueles esqueletos que eram vendidos como imagens de santos.
Eu amava aquela rebelião.
Amava tanto que não me importei quando ela disse que não queria mais me ver.
Talvez porque fosse melhor assim.
Guardá-la como uma foto em preto-e-branco.
Uma batida de trip-hop.