22.1.12

Sobre ser anormal dentro da normalidade



Ele não saberia dizer quem consumia quem, se a vida o consumia com seus problemas rotinas precoupações, ou talvez Mariana, se ela o consumia com seu desespero em ser notada no preto e branco de suas vidas opacas. Todo dia ao sairem de casa ela dizia "cuidado com as ruas" mas era ela quem deveria prestar atenção e não era questão de olhar para os lados, não. Ela botava a culpa da vida esquisita na família e mandava a conta da terapeuta todo mês para seu pai. "Eu não posso fazer nada meu amor, não tenho controle." Entre cartelas de antidepressivos ela encontrava resquícios de felicidade saindo da rotina toda noite, ele trabalhava no dia seguinte mas era um sacrifício a se fazer pelo seu amor. (e também fingia não se importar ao vê-la se beijando com outros caras, o temperamento efusivo dela somado à sua carência sempre a redimiam)



Muitos o perguntavam como ele aguentava, como suportava saber ser apenas mais um que estava apenas preenchendo o tempo daquela garota vazia, ao que ele com toda a tranquilidade respondia que era uma maneira de se manter anormal dentro de uma frágil realidade.

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